O Arrependimento Mais Caro do Investidor: tentar prever o impossível
"Seja ganancioso quando os outros estão com medo e tenha medo quando os outros estão gananciosos." — Warren Buffett
Esta é provavelmente a frase mais repetida no mundo dos investimentos. E também a menos seguida.
Algo de errado não está certo! Se os seus sonhos são seus, por que a sua carteira de investimento é igual a do seu vizinho?
Entenda que a sua carteira de investimentos deve ser um reflexo dos seus próprios sonhos, por isso, ela é única! Já parou para pensar que os grandes bancos tem dezenas de milhões de clientes e apenas quatro personas de investidores? Algo de errado não está certo! Meu objetivo com essas cartas semanais é te aproximar dos seus objetivos financeiros. Seja se você quer se aposentar, trocar de carro, fazer uma viagem, comprar uma casa nova ou qualquer outro sonho que envolva dinheiro.
Nos últimos meses, observei um padrão interessante nas conversas com clientes.
Em dezembro e janeiro, quando os Fundos Imobiliários estavam no fundo do poço, a pergunta mais comum era:
"Será que não vai cair mais? Talvez seja melhor esperar."
Hoje, após uma alta vigorosa de mais de 15% em alguns FIIs, a pergunta mudou para: "Eu devia ter comprado mais, né? Agora não vale mais a pena?"
O cérebro humano é fascinante.
E traiçoeiro.
A Psicologia Por Trás do Jogo Perdido
O que acontece no cérebro do investidor durante ciclos de mercado é praticamente previsível:
Fase de Queda → Medo domina → "E se cair mais?"
Fase de Recuperação → Arrependimento aparece → "Deveria ter comprado mais"
Fase de Alta → Ganância assume → "Preciso entrar agora antes que suba mais"
Este ciclo não é apenas frustrante, é caro. Muito caro.
E para ilustrar exatamente quanto isso custa, vou compartilhar a história de dois clientes reais (com nomes fictícios, claro).
A História de Jorge e Jeff
Jorge e Jeff começaram 2023 com um objetivo em comum: construir uma renda mensal de R$10.000,00 em 12 anos.
Para isso eles precisam acumular em torno de 1,4 milhões de reais em uma carteira que de investimentos que traga ativos com expectativa de ganho real para eles.
Para atingir este objetivo, estruturamos para esta parte do dinheiro deles uma carteira de renda com aportes mensais recorrentes de R$5.000 e um aporte inicial de R$100.000,00.
Vale ressaltar que ambos não buscavam simplesmente R$10.000 mensais de renda, mas sim o que esse montante compra hoje.
Esta distinção é crucial — eles precisavam de retornos reais (acima da inflação), não apenas nominais, para preservar seu poder de compra ao longo do tempo.
Quando o IFIX (índice de Fundos Imobiliários) começou sua sequência de quedas em agosto, ambos sentiram o impacto nos investimentos para este objetivo.
Cinco meses consecutivos vendo seus investimentos encolherem, mesmo diante de novos aportes não é fácil para ninguém.
A diferença crucial estava na reação.
Jorge, dominado pelo medo, interrompeu seus aportes em janeiro de 2025. "Vou esperar o fundo melhorar", disse ele.
Não só parou de aportar como sacou todo o dinheiro que tinha na carteira de renda para "aproveitar o CDI alto e voltar depois quando isso tudo melhorar".
Jeff, por outro lado, manteve rigorosamente seus aportes mensais. Confesso que não foi fácil. Em nossas reuniões, ele frequentemente questionava: "Tem certeza que está na hora certa?" Mas seguiu o plano.
Vamos acompanhar a evolução mês a mês:
Os números contam a história de forma impiedosa:
No final de abril de 2025, a carteira de Jeff totalizava R$213.865, enquanto a de Jorge, mesmo após migrar para o CDI, atingiu apenas R$193.129 - uma diferença de 10,7% ou R$20.736.
E o mais intrigante: a mudança de estratégia de Jorge aconteceu em um momento crítico, exatamente antes de um período de forte alta do IFIX (com ganhos de +3,34% em fevereiro e impressionantes +6,14% em março de 2025).
Seria Jorge um azarado?
Mais importante ainda: Jeff nunca passou pelo estresse de tentar adivinhar o "momento certo" para entrar ou sair do mercado.
Ele simplesmente seguiu seu plano.
Isso foi o bastante para colocar ele à frente da maioria esmagadora dos investidores que insistem em tentar prever os movimentos do mercado.
A Matemática da Coerência
Quando analisamos os ciclos de investimentos ao longo do tempo, percebemos um padrão interessante: abandonar seu plano nos momentos de maior medo geralmente leva a resultados significativamente inferiores.
No caso que analisamos, ao abandonar o plano traçado inicialmente, Jorge ficou o equivalente a 4 meses de aporte atrasado em relação a Jeff — isso representa 20% do tempo total desde que iniciaram este plano.
Um atraso considerável para alguém que está construindo seus objetivos financeiros.
Eu sempre repito para os meus clientes: você é o seu maior inimigo.
Porque investir é muito contraintuitivo.
O mais revelador é que esse atraso ocorreu justamente porque Jorge tomou sua decisão emocional após uma sequência de quedas, saindo exatamente antes do mercado iniciar uma forte recuperação. Este padrão se repete constantemente no comportamento dos investidores.
Nos três meses seguintes ao "fundo" de cada uma das quatro grandes quedas do IFIX desde 2010, o índice apresentou retornos médios de 17,8% — muito acima do que é esperado normalmente.
Quem ficou de fora durante esses breves períodos de recuperação sacrificou uma parte desproporcional do retorno total.
Esta é uma verdade matemática implacável: os melhores dias de retorno geralmente vêm logo após os piores.
Entre 2010 e 2024, os 10 melhores dias de retorno do IFIX foram responsáveis por 27,35% do retorno total do período.
E o mais revelador? Seis desses dias ocorreram durante ou imediatamente após períodos de queda acentuada.
A Solução Que Ninguém Quer Ouvir
Existe uma solução para este problema. E ela é desconfortavelmente simples, a ponto de muitos investidores a rejeitarem:
Pare de tentar adivinhar o fundo e o topo. Invista consistentemente.
Quando você elimina a necessidade de prever o mercado, algo extraordinário acontece: você passa a aproveitar os períodos de queda como oportunidades, não como ameaças.
É como comprar suas frutas e legumes favoritos quando estão em promoção, em vez de esperar que voltem ao preço normal para então lamentar não ter aproveitado o desconto.
Consistência vence timing. Sempre.
O Poder do Plano Baseado em Objetivos
O que permitiu que Jeff mantivesse a calma enquanto Jorge entrava em pânico?
Seguir um plano de investimentos baseado em objetivos claramente definidos.
Imagina se toda vez que o biscoito entrar em promoção você parar de comer o que estava prescrito na sua dieta e comer apenas biscoito? sabemos que o final não será alinhado com o esperado previamente.
Jeff sabia exatamente por que estava investindo em uma carteira voltada para renda real: gerar renda passiva para complementar sua aposentadoria em 12 anos.
Esta clareza de propósito o ancorou durante a tempestade.
E mais importante ao investir nessa carteira ele sabia que os ativos necessários para atingir este objetivo possuem como característica oscilar no curto prazo e trazer maior expectativa de retorno real no longo prazo.
O fato é: seu comportamento como investidor será sempre determinado pela clareza de seus objetivos.
Quando você tem um plano claro, as flutuações de mercado se tornam ruído de fundo, não sinais de alerta.
Você consegue ver a queda como uma oportunidade de aquisição a preços melhores, não como uma ameaça ao seu patrimônio.
A Pergunta Que Realmente Importa
Em vez de se torturar com "eu devia ter comprado mais", sugiro uma pergunta infinitamente mais produtiva:
"Estou sendo coerente com meu plano de investimentos de longo prazo?"
Se a resposta for "sim", parabéns — você já está à frente da maioria esmagadora dos investidores.
Se a resposta for "não", ou pior, "que plano?", talvez seja hora de construir um.
Um plano sólido não é apenas um mapa para seus investimentos — é uma vacina contra seu pior inimigo: suas próprias emoções.
A Lição Para Levar
Não se estresse por não ter comprado mais quando os FIIs estavam descontados.
O mercado ainda terá muitos ciclos pela frente.
O que importa não é o timing perfeito, mas sua consistência ao longo do tempo.
Como diz outro clichê do mundo dos investimentos que, diferente do primeiro, deveria ser mais seguido:
"Não é sobre timing the market, mas sobre time in the market."
Lembre-se: aquela sensação de "eu devia ter comprado mais" é apenas um sinal de que você está começando a entender como funciona o jogo. O verdadeiro teste será sua ação no próximo ciclo.
E se você ainda não tem um plano estruturado de investimentos baseado em objetivos claros, talvez este seja o momento de pensar nisso.
Afinal, a melhor hora para plantar uma árvore foi há 20 anos.
A segunda melhor hora é agora.
Sobre a Invés
A Invés é uma plataforma de assessoria financeira que opera sob o modelo fiduciário, com remuneração por fee fixo (e não por comissões de produtos).
Este modelo, predominante em economias desenvolvidas como EUA e Reino Unido, garante total alinhamento de interesses entre assessor e cliente. No Brasil atualmente apenas o muito rico (centenas de milhão) tem acesso a esta estrutura, os bancos te acham pobres demais para te tratar como você merece.
Com mais de R$2,5 bilhões sob custódia e NPS de 97, a Invés traz para o varejo de alta renda estratégias e benefícios tradicionalmente disponíveis apenas para o segmento ultra-high.
Se você está cansado de tentar adivinhar o momento certo para investir e busca um caminho mais estratégico e alinhado aos seus interesses, converse com nossos especialistas.
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Este texto reflete apenas minha opinião pessoal e não constitui recomendação de investimento. Consulte seu assessor financeiro antes de tomar decisões de investimento.